domingo, 17 de janeiro de 2016

É a morte



O Nascimento dos Robôs Assassinos
Escrito por
CONNELLY LAMAR E BRIAN ANDERSON





Os robôs sempre estiveram chegando. Mas essa semana, enquanto o espectro das máquinas inteligentes domina o centro de convenção da discussão sobre armas convencionais nas nações unidas, e algumas das mais poderosas firmas de tecnologia no mundo se juntam no complexo industrial e militar, parece que o progressivo relacionamento entre nós seres de carne e os robôs entrou em uma nova era excitante, e preocupante.

Pegue os dois robôs humanoides de cento e cinquenta quilos e um metro e oitenta de altura chamados ATLAS e ESCHER. Eles não são exterminadores do futuro, mas eles certamente lembram os icônicos robôs matadores das telas grandes. Quando o Motherboard ganhou acesso exclusivo a ATLAS e ESCHER, ambos financiados pelo exército dos EUA, não conseguimos não deixar de perguntar a seus operadores se a comparação é muito feita.

“Nós realmente ouvimos muito isso”, disse David Conner (sem relações com John), um cientista pesquisador sênior com a faculdade de Virgínia Tech TORC Robotics. Com financiamento de milhões de dólares da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa, o laboratório de pesquisa do pentágono, TORC trabalha com um de sete robôs ATLAS e plataformas similares para ajudar — não matar — humanos.

“Esse é um bom e amigável robô humanoide de resgate”, ele explica. “Ele vai servir para qualquer propósito que seu operador humano o mande”.

Pense C-3PO, não T-1000. Essa é a referencia de cultura pop mais apropriada segundo Brian Lattimer, outro pesquisador do Virginia Tech trabalhando em um robô humanoide com financiamento do DARPA. O robô de seu laboratório, ESCHER, é desenhado para “fazer ações onde não queremos que pessoas estejam envolvidas”.

ESCHER é, junto com ATLAS, um de um total de 11 robôs de solo semi autônomos de laboratórios do mundo todo competindo no DARPA robotics challenge, uma competição amigável com grande prêmio em dinheiro para quem consegue fazer tarefas aparentemente simples, como fazer o robô pegar uma furadeira ou subir escadas.

Os comentários de Conner e Lattimer vem em um momento quando robôs e inteligência artificial parecem ambos surgir de um chamado “inverno” de uma década de desinteresse geral da ciência e tecnologia. Hoje o espectro da máquina inteligente é mais palpável do que nunca. Isso empolgou muita gente com uma era não tão distante de convivência assistida por robôs, enquanto outros estão profundamente preocupados com o nascimento dos robôs inteligentes e assassinos. O que irá aconteer quando o software de inteligência artificial se juntar com robótica militar?

"Se eu pudesse me sentar com o pessoal do Google, eu gostaria que eles fizessem uma declaração pública de que não vão se envolver com robôs autônomos assassinos”
É um assunto que tem cativado o Google. Boston Dynamic é só uma das dezenas de firmas na fileira da frente da IA robótica militar sugada pelo gigante da busca nos últimos anos. É claro, o Google não é uma companhia estritamente de robótica; cerca de dois terços do capital total da companhia ainda vem de progaganda no YouTube e seu sistema de busca, o New York Time disse em janeiro. Mas também, busca preditiva é um tipo de IA.
DARPA, Boston Dynamics e Google todos recusaram entrevistas para esta matéria.
Jody Williams adoraria sentar com os fundadores do Google Sergey Brin ou Larry Page, se tivesse a chance. Williams ganhou o Nobel da Paz em 1997 por seu trabalho em banir minas terrestres, e tem levado a mesma briga em parar os robôs assassinos com o nome apropriado da Campanha para Parar os Robôs Assassinos.

“Se eu pudesse me sentar com o pessoal do Google, eu gostaria que eles fizessem uma declaração pública de que não vão se envolver com robôs autônomos assassinos” Williams disse. “Eu também quero algum dinheiro deles”.

A incursão do Google no complexo industrial militar é uma coisa. Mas quando se trata da marcha pela robótica militar, o físico do MIT Max Tegmark acha que que existe um precedente maior: a bomba atômica. Tegmark, cujo instituto Future of Life recentemente ganhou uma doação maneira de U$10 milhões de Elon Musk para lançar o programa de pesquisa global focado em assegurar o alinhamento das máquinas de amanhã com os interesses humanos, lembrou dos cientistas do projeto Manhattan que foram tirados da discussão sobre se os EUA deveriam ou não lançar as bombas em Hiroshima e Nagasaki.

De sua parte, Conner, Lattimer e a dezena de estudantes de engenharia e profissionais trabalhando em ATLAS, ESCHER, e os nove outros robôs participantes do desafio DARPA tem a melhor das intenções: eles dizem que estão construindo ferramentas que eles esperam ajudar a humanidade. Nós podemos só ter esperança.
Tradução: Pedro Graça

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