O Paraná liderou a produtividade e foi o
estado que mais aumentou o faturamento do setor de tecnologia em 2019,
ultrapassando estados com tradição na área, como Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É o que mostra a pesquisa Tech Report 2020,
da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) e da empresa de big data
Neoway. O estudo, lançado nesta semana, traz um panorama do setor em Santa
Catarina, incluindo também informações sobre o desenvolvimento da área no País.
As 19,6 mil empresas de Tecnologia da
Informação (TI) do Paraná faturaram, no ano passado, R$ 21,2 bilhões, valor que
ficou abaixo apenas do estado de São Paulo, que concentra quase metade das
empresas do setor. Enquanto na média nacional houve queda no faturamento, o
Paraná apresentou o melhor desempenho do País, com crescimento de 25,6% com
relação ao ano anterior.
Na pesquisa, o índice de produtividade na
área de TI, que o Estado também lidera, é calculado considerando a razão entre
o faturamento médio e a média de colaboradores por empresa. Com isso, a
produtividade do setor no Paraná chegou a R$ 90 mil no ano passado, valor bem
acima da média brasileira, de R$ 52 mil, e de Santa Catarina, que vem na
segunda posição, com R$ 77 mil.
“É um orgulho para o Paraná acompanhar o
desenvolvimento da área de inovação e tecnologia, com um setor pujante que se
destaca no cenário nacional”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
“Já não é possível pensar em outros segmentos da economia, como o comércio, a
indústria e o agronegócio, sem a participação do setor, que se mostrou ainda
mais essencial neste momento de pandemia”, diz.
Ele destaca que o Governo do Estado
trabalha para impulsionar a área de TI com iniciativas que incluem facilidades
de crédito, capacitação de novos profissionais e ampliação da conectividade em
todo o território paranaense. “Estamos trazendo a inovação para dentro da
administração pública e colocamos o Estado como parceiro do setor. Queremos
avançar para tornar o Paraná o estado mais moderno do Brasil”, ressalta.
EMPREGOS
O estudo mostra também que Paraná foi o segundo estado com o maior
crescimento no número empregos na área, com base nos dados disponibilizado até
2018. Entre 2017 e 2018, houve incremento de 15,5% nos postos de trabalho,
passando de 37,8 mil para 43,7 mil empregados nas empresas de base tecnológica.
O índice é inferior apenas ao da Bahia, que aumentou 20,6% no período.
Mesmo com o crescimento, ainda há um
deficit de profissionais capacitados para atuarem na área tecnológica, afirma
Adriano Krzyuy, presidente da Assespro-Paraná – Associação das Empresas
Brasileiras de Tecnologia da Informação. “Enquanto há demissões em outros
setores, tínhamos, até antes da pandemia, de 10 mil a 12 mil vagas em aberto no
Estado”, explica. “A área é um alicerce para outros segmentos, como o
agronegócio, a indústria 4.0 e o comércio, com o suporte ao delivery e à
manutenção de estoques, e necessita de trabalhadores capacitados, o que ainda
está em falta”, afirma.
De acordo com o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2017 havia 144
turmas em oito cursos universitários ligados à área de TI no Paraná. Mesmo com
a oferta de 46 mil vagas naquele ano, a falta de interesse pela área e a evasão
são ainda muito altas, com cerca de 15 mil ingressantes e nem 4 mil
concluintes.
O Governo do Estado atua para mudar esta
realidade, afirma o superintendente-geral de Inovação, Henrique Domakoski.
“Estamos com projetos para ampliar a capacitação, principalmente de jovens, na
área de TI, com a criação de cursos para jovens que vivem em áreas de
vulnerabilidade, oferta de disciplinas de programação já no ensino médio e
fortalecimento das universidades estaduais, que são importantes centros de
formação em todas as regiões”, explica. “É um setor de interesse, porque além
da necessidade de suprir esse deficit de vagas, ele demanda uma mão de obra
qualificada, com alto valor agregado”, destaca.
Outras iniciativas, como os hackathons
promovidos pelo Governo do Estado, também ajudam a fomentar a cultura de inovação.
Um destaque é o Pense Agro, que está com as inscrições abertas até o próximo
domingo (16) e busca alternativas inovadoras para serem aplicadas no Ensino
Técnico Agrícola Estadual. É o primeiro passo para a implantação da Escola
Agrícola 4.0, que também tem a inovação como base de ensino. Os estudantes dos
19 colégios agrícolas do Estado são o principal público-alvo da maratona.
EMPRESAS
Entre os principais estados do setor, Minas Gerais (26,3%), Santa Catarina
(11,8%) e Paraná (1,5%) foram os únicos que registraram crescimento no número
de empresas entre 2015 e 2019, mostra a Tech Report.
Enquanto houve uma tendência de queda no
restante do País, o número de empresas de base tecnológica no Paraná passou de
19 mil, em 2018, para 19,6 mil em 2019. No quadro geral, o Paraná é o quarto
estado com o maior número de empresas, atrás de São Paulo (122,7 mil), Rio de
Janeiro (30,3 mil) e Minas Gerais (26,3 mil).
O fortalecimento do ecossistema de
inovação, com um suporte maior às startups, é outro foco de atuação do Governo
do Estado. Há programas específicos para fomentar o empreendedorismo inovador
no Paraná, como o Sinapse da Inovação, que destinou R$ 3,5 milhões para o
auxílio de 92 empresas, além de oferecer capacitações e incubação para tirar os
projetos inovadores do papel.
Outra iniciativa é o programa Centelha,
promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e
pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e executado no Estado pela
Fundação Araucária. O Centelha está com inscrições abertas para selecionar
negócios inovadores, oferecendo capacitações, recursos financeiros e suporte
para transformar ideias em negócios de sucesso.
O Banco Regional de Desenvolvimento do
Extremo Sul (BRDE) e a Fomento Paraná contam com linhas de crédito voltadas às
empresas de base tecnológica. O BRDE Labs foi lançado no ano passado para
apoiar, capacitar e dar aporte financeiro às startups. Já a Fomento é parceira
da Assespro, que foi credenciada pelo banco de crédito para viabilizar operações
de financiamento para as empresas associadas à entidade em todo o Estado.
A Invest Paraná, agência responsável pela
prospecção de novos negócios e atração de empresas, também está formatando um
programa de incentivos fiscais voltado para o e-commerce. “O crescimento do
setor e a própria pandemia, que demandou por mais serviços digitais, trouxe uma
nova leitura para o Estado, de que é necessário fomentar e oferecer incentivos
para essa área”, destaca o diretor-presidente da Invest, Eduardo Bekin.
Ele explica que a ideia não é apenas atrair
as empresas com incentivo e benefícios, mas fazer também com que elas invistam
em Pesquisa e Desenvolvimento e tenham uma relação forte com as universidades.
FUTURO
Com todo esse background, a expectativa para o futuro da tecnologia do Paraná
é ainda mais animador. “Há polos de inovação nas principais regiões do Paraná.
O setor se fortaleceu, nos últimos 12 anos, em um trabalho conjunto entre
iniciativa privada, o governo e a academia e centros de pesquisa”, ressalta o presidente
da Assespro-Paraná. “O governo desenvolve um papel importante ao criar um
ambiente propício para potencializar a tecnologia e a inovação. O Paraná tem
tudo para se consolidar no topo deste cenário no Brasil”, afirma Krzyuy.
Henrique Domakoski ressalta a importância
de todo o ecossistema de inovação paranaense, que conta com apoio de órgãos
como a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e da
Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar).
“Temos ótimos ativos no Estado, com um
grande número de centros tecnológicos, incubadoras, aceleradoras e ecossistemas
regionais de inovação, além das sete universidades estaduais que formam mão de
obra capacitada”, salienta o superintendente-geral de Inovação.
“Nosso futuro está nesta área. Estamos para
lançar um sistema de governança para fomentar o diálogo e funcionar como um
ponto de sinergia entre todos os atores do ecossistema estadual”, explica.
Outro passo importante, acrescenta, é a ampliação da conectividade, com o
desenvolvimento da área de telecomunicações para levar os produtos digitais a
todos os cantos do Paraná, principalmente para o campo. “Além da ampliação da
formação, porque não se faz tecnologia sem pessoas capacitadas”, completa
Domakoski.