quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Grafeno, grafeno



Brasileiros descobrem nova propriedade do grafeno
Com informações da Agência Fapesp -  26/09/2016




Deformação da folha de grafeno pela ponta do microscópio de força atômica.[Imagem: Clara M. Almeida et al. - 10.1038/srep31569]




Ilimitado
O grafeno é um dos materiais mais estudados na atualidade, e não é por acaso: constituído por uma única camada de átomos de carbono, dispostos em uma rede bidimensional de trama hexagonal, o grafeno é extremamente fino, leve e resistente.

Agreguem-se propriedades como transparência, flexibilidade, alta condutividade elétrica e térmica e baixo custo de produção para que o horizonte de aplicações seja praticamente ilimitado.

Com tantas pesquisas já realizadas, surpreende que uma propriedade do grafeno permanecesse ignorada até agora.

Ela acaba de ser descoberta graças ao trabalho de Clara Almeida e uma equipe da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Anisotropia
Trata-se da enorme anisotropia - apresentação de propriedades que variam conforme a direção - exibida pelo grafeno quando este é "varrido" em diferentes direções pela ponta de um microscópio de força atômica (AFM: atomic force microscope).

E a diferença não é pequena: 80% maior na direção conhecida como "braço de cadeira" (armchair) do que na direção ziguezague.

Segundo os pesquisadores, o efeito poderia ser entendido como uma manifestação, em escala nanométrica, do fenômeno clássico da flambagem, o encurvamento de uma barra quando submetida a compressão axial, descrito pelo matemático e físico suíço Leonhard Euler (1707-1783).

Nanomecanismos
Devido às suas notáveis características eletrônicas, térmicas e mecânicas, o grafeno é um forte candidato para a fabricação da próxima geração de dispositivos eletrônicos e de sistemas nanoeletromecânicos (NEMS). Tais aplicações requerem a compreensão das propriedades mecânicas e tribológicas - isto é, decorrentes da interação de superfícies em movimento relativo - desses materiais bidimensionais.

"A anisotropia que encontramos pode ser determinante para a fabricação desses NEMS, cujo design demanda o conhecimento prévio da orientação cristalina. Na maioria das vezes, as propriedades do material na configuração bidimensional [grafeno] são bem diferentes das propriedades já conhecidas na configuração tridimensional [grafite]", sublinhou Clara Almeida.

Bibliografia:
Giant and Tunable Anisotropy of Nanoscale Friction in Graphene
Clara M. Almeida, Rodrigo Prioli, Benjamin Fragneaud, Luiz Gustavo Cançado, Ricardo Paupitz, Douglas S. Galvão, Marcelo De Cicco, Marcos G. Menezes, Carlos A. Achete, Rodrigo B. Capaz
Nature Scientific Reports
Vol.: 6, Article number: 31569
DOI: 10.1038/srep31569

domingo, 18 de setembro de 2016

Palácio Celestial



Segundo laboratório espacial da China é lançado
Redação do Site Inovação Tecnológica -  16/09/2016




 Laboratório espacial Tiangong 2, ainda em fase de montagem. A conformação final conta ainda com o braço robótico externo e os painéis solares. [Imagem: Xinhua]


Palácios celestiais
A China lançou com sucesso seu segundo laboratório espacial experimental.

Com 10,4 metros de comprimento e pesando 8 toneladas, o Tiangong 2 (Palácio Celestial 2) é o passo final rumo à construção de uma estação espacial chinesa definitiva, que deverá começar por volta de 2020.

O esforço começou em 2011, com o lançamento do Tiangong 1. O segundo passo foi dado no mesmo ano, com a acoplagem automática de uma nave não-tripulada ao laboratório. Em 2012, o laboratório Tiangong 1 foi visitado pela primeira vez por astronautas chineses, demonstrando a capacidade definitiva de viagens a uma nave em órbita.

A agência espacial chinesa perdeu contato com o Tiangong 1 no início deste ano, e ele agora está caindo lentamente, devendo reentrar na atmosfera no ano que vem.

Passo a passo
O laboratório Tiangong 2, já orbitando a Terra a uma altitude de 390 km, deverá receber sua primeira missão tripulada já no mês de Novembro, quando dois astronautas deverão passar um mês em órbita realizando experimentos científicos.

Uma missão automática não-tripulada, feita por uma nave cargueira, deverá levar suprimentos e combustíveis e retirar lixo em Abril de 2017, fechando o ciclo de funcionamento similar ao da Estação Espacial Internacional.

Outra similaridade e outro teste importante para a futura estação espacial chinesa é o braço robótico que equipa o Tiangong 2. Com 10 metros de comprimento, o robô será responsável por fazer a manutenção externa da nave, movimentar equipamentos e experimentos científicos e dar apoio aos astronautas durante as planejadas caminhadas espaciais.

A vida útil prevista do Tiangong 2 é de dois anos.

Cooperação
O laboratório Tiangong 2 vem demonstrar também que a China não pretende continuar isolada em sua exploração espacial.

Um dos instrumentos a bordo, chamado POLAR, foi construído com apoio da Agência Espacial Europeia (ESA) por pesquisadores da Suíça, Polônia e China.

Trata-se de um observatório de explosões estelares, conhecidas como explosões de raios gama, ou GRB (gamma ray bursts). A expectativa é que o instrumento possa captar até 10 GRBs por ano, ajudando a esclarecer o mecanismo destas que parecem ser as mais fortes explosões cósmicas.

Outro destaque científico da missão é um relógio atômico, este totalmente chinês, que será testado em conjunto com um experimento de transmissão quântica de dados.