Trabalho
informal puxou aumento da taxa de ocupação, diz Ipea
Publicado em 20/03/2019 - 13:12
Por Vinícius Lisboa - Repórter
da Agência Brasil Rio de Janeiro
A geração
de vagas de trabalho informais – sem carteira assinada – foi responsável pelo
aumento da taxa de ocupação no país no trimestre encerrado em janeiro, enquanto
o ritmo de criação de novas vagas formais vem perdendo fôlego nos últimos
meses, mostrou estudo divulgado hoje (20) pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea).
Segundo a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento da taxa de ocupação perdeu força.
O estudo divulgado pelo Ipea faz uma análise dos dados do IBGE, que revelam
que, no início de 2018, a taxa crescia a 2% na comparação com o ano anterior.
No trimestre encerrado em janeiro deste ano a alta foi de 0,9%.
"Além
de fraco, o aumento da ocupação aconteceu, basicamente, nos setores informais
da economia", informa um trecho da seção Mercado de Trabalho, do boletim
Carta de Conjuntura do Ipea, que também usa dados do Cadastro Geral de Emprego
e Desemprego (Caged). "Adicionalmente, nota-se que quase um quarto dos
empregos formais criados foram baseados em contratos de trabalho parciais ou
intermitentes".
Apesar de
a geração de vagas informais puxar o crescimento da ocupação, o Ipea avalia que
a desaceleração da taxa de 2% para 0,9% se deve à perda de intensidade no
crescimento das vagas sem carteira assinada. No início de 2018, a criação de
novas vagas informais era de 7,3%, enquanto no trimestre encerrado em janeiro
deste ano, a expansão foi de 3%.
Nos três
meses encerrados em janeiro, a variação das vagas formais foi de -0,4%,
resultado que se repetiu no trimestre anterior. O saldo negativo dos empregos
com carteira assinada vem perdendo força desde o segundo trimestre de 2016,
quando a queda chegou a 3,6%.
"Em
suma, os dados da Pnad Contínua indicam que o emprego formal vinha apontando
uma trajetória de retrações cada vez menores e de taxas de permanência cada vez
maiores até meados de 2018. A partir daí, há uma estagnação nesses
indicadores", analisam os economistas do Ipea.
Enquanto
a taxa de ocupação geral subiu 0,9% nos três meses encerrados em janeiro, o
indicador teve variação negativa de 1,3%, quando avaliados os jovens de 18 a 24
anos. Segundo o Ipea, os jovens nessa faixa etária têm menos chances de serem
contratados e mais chances de serem demitidos. A persistência da taxa de
desemprego também afeta mais os menos escolarizados, segundo o instituto.
O tempo
de permanência no desemprego também vem crescendo, sublinha o Ipea nos dados do
IBGE. O percentual de trabalhadores que procuram emprego há dois anos ou mais
cresceu ao longo de 2018 até chegar a 26% no último trimestre.
"Consequentemente, no último trimestre do ano passado, 48% dos desocupados
se mantiveram nesta situação durante todo o período", diz o boletim.
Outro
dado apontado pelo Ipea é a alta do percentual de residências sem renda
proveniente do trabalho. De acordo com o estudo, 22,2% dos domicílios
brasileiros estavam nessa situação no último trimestre de 2018, enquanto, no
fim de 2017, o percentual era de 21,5%. Em números absolutos, 16 milhões das 72
milhões de residências brasileiras não possuem renda proveniente do trabalho.
Também
houve variação positiva dos percentuais de domicílios com renda muito baixa e
alta. No quarto trimestre de 2018, 30,1% das residências tinham renda menor que
R$ 1.601,18 no país, enquanto, no fim de 2017, a fatia era de 29,8%. Já os
domicílios com renda superior a R$ 16.011,84 passaram de 2% para 2,1% do total.
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Edição: Maria Claudia