Novos megaprédios mudam a cara de
avenidas empresariais de São Paulo
Este texto
ilustra o pais que vivemos. De um lado
uma elite de políticos velhos, de empresários antigos e uma sociedade sexista,
machista, conservadora e opressora e de outro lado uma sociedade aberta e
plural. Talvez dai venha a esperança de um dia sermos uma grande e multirracial
nação.
Projetos incluem
inovações nas áreas de sustentabilidade, luxo e arquitetura
Pedro Carvalho - iG São
Paulo | 10/09/2012
05:55:02 -
Atualizada às 10/09/2012
12:58:36
Prédios
empresariais imponentes não são novidade em São Paulo, mas alguns
empreendimentos estão levando essa faceta da cidade a um novo patamar.
Principalmente nos eixos da Av. Faria Lima e da Marginal Pinheiros, onde
– respectivamente – a liberação de licenças para a abertura do Pátio
Victor Malzoni e o anúncio da construção do Parque da Cidade ganharam destaque
nos últimos dias. Eles se juntam a edifícios como o Infinity, o JK Iguatemi, o
Rochaverá e outros que formarão a linha de frente das fachadas espelhadas da
metrópole.
Conheça, abaixo, os
detalhes de alguns desses megaprédios.
-
Parque da Cidade
Projeto da
Odebrecht terá cinco torres empresariais, duas residenciais, um comercial, um
hotel e um shopping. “A gente podia, mas
não quis fazer o maior prédio de São Paulo”, diz Saulo Nunes, diretor de
incorporação da Odebrecht Realizações. Isso porque o terreno de 80 mil m2 na
Av. das Nações Unidas (a Marginal Pinheiros) onde será erguido o Parque da
Cidade, apontado como mais ambicioso projeto arquitetônico do País, era como
uma enorme folha em branco na qual seria possível desenhar qualquer coisa. “Em
vez de tentar ser ostensivo, o foco foi ousar em sustentabilidade”, afirma.
O projeto não
escapou de ser um gigante. Terá cinco torres empresariais (com diferentes
alturas, projeto da Aflalo&Gasperini), duas residenciais, uma de salas
comerciais, um hotel e um shopping. No total, serão 595 mil m2 de área
construída, quase 85 campos de futebol do tamanho do Pacaembu (SP). Mas o
Parque da Cidade contará, sim, com novidades “verdes” inéditas na América
Latina.
Itens como estação
de tratamento de água, feiras orgânicas, ciclovia e um sistema de coleta a
vácuo de lixo reciclável (os sacos viajam por dutos a 70 km/h) incluíram o
empreendimento no Climate+, grupo de 18 projetos no mundo que se preocupam com
sustentabilidade. Segundo os responsáveis, isso não deixará os prédios caros
demais para os futuros proprietários. “Até tínhamos esse receio, mas fizemos
uma simulação e o condomínio ficará entre 5% e 10% abaixo da média para
empreendimentos desse padrão”, diz Nunes.
Paisagismo
funcional do Parque da Cidade, que terá tetos verdes, feiras orgânicas e
tratamento de água. As inovações
ecológicas devem também gerar economias. Os mictórios e pias a vácuo nos cinco
prédios corporativos, por exemplo, resultariam em R$ 1,8 milhões a menos na
conta anual de água. Com sistemas inteligentes de iluminação, a meta de redução
no gasto de energia é de 36%.
O projeto terá 22
mil m2 de área verde e 62 mil m2 abertos à circulação pública – os muros
serão colocados apenas nos blocos residenciais. As salas comerciais e a
primeira torre empresarial começam a ser vendidas em setembro. Os blocos
residenciais serão lançados em 2016. O hotel já foi vendido, para o grupo
pernambucano Cornélio Brennand. O Parque da Cidade completo, com todas as
torres, ficará pronto em 2020.
O custo da
construção irá passar de R$ 1 bilhão, num terreno que custou R$ 290 milhões –
foi comprado da Monark, em 21 de agosto de 2010, numa tarde que teve champanhes
estouradas no escritório da Odebrecht. “A gente sabia que teria uma pérola nas
mãos”, diz Nunes. A companhia calcula que o valor global de vendas será da
ordem de R$ 4 bilhões.
-
Pátio Victor Malzoni
O vão livre do
Pátio Malzoni, endereço comercial mais caro de São Paulo: estacionamento para
helicópteros. O terreno de 34 mil
m2 na Av. Faria Lima (entre as ruas Horácio Lafer e Aspásia) foi vendido pela
Brookfield aos incorporadores por pouco mais de R$ 600 milhões em 2011, na
maior transação do tipo registrada na cidade, tanto no valor total quanto no
preço do metro quadrado, que passou de R$ 17.600. Hoje, o Pátio Victor Malzoni
é o endereço comercial mais caro da metrópole. E o empreendimento ainda tem
mais um recorde: possui a maior laje do Brasil, com 5 mil m2.
São 34 mil m2 de
vidros de alto desempenho, que controlam a passagem ideal de luz e calor
Há quatro meses, a
obra ficou pronta. São duas torres de 19 andares e, no meio, outra com 11
pavimentos. No total, o prédio tem 70 mil m2 de área construída, onde irá
abrigar empresas como o Google, o Banco da China e o brasileiro BTG. Na semana
passada, o empreendimento conseguiu a licença da Secretaria Municipal de
Transportes e o “Habite-se” deve sair nos próximos dias.
Outro provável recorde
do Malzoni diz respeito à imensa área de vidro da fachada – um material que,
vale dizer, reina absoluto entre os novos megaprédios da cidade. São 34 mil m2
de vidros negros de alto desempenho, que custam entre R$ 160 e R$ 220 o metro
quadrado. O material deixa passar apenas a quantidade ideal de luz e calor,
entre 30% e 35% do incidido. “Não sei de nenhum outro que tenha usado uma área
tão grande de vidro”, diz Claudia Mitne, gerente de marketing e arquiteta da
GlassecViracon, fornecedora do material.
O prédio terá
estacionamento para helicópteros e área de alimentação com restaurante do grupo
Fasano, voltado ao altíssimo padrão. Também chama a atenção o imenso vão livre,
com vidros suspensos 30 metros acima do gramado da entrada. Quem olha para esse
“teto” espelhado vê refletido lá no alto outro detalhe: a Casa Bandeirista, do
século 18, tombada pelos órgãos responsáveis e agora vizinha de uma
moderníssima construção.
-
Infinity
O famoso
"formato de vela inflada" serviu também para ampliar os andares
altos, com aluguéis mais caros. Inaugurado no
início do ano, o Infinity ficou conhecido como “aquele prédio espelhado que
lembra uma vela de barco”. A verdade é que a bela estrutura do edifício, onde
funcionam firmas como os bancos Goldman Sachs e Credit Suisse, ganhou esse
formato menos por conceito estético e mais por exigência mercadológica.
O prédio tem metas
"verdes", como recuperação de água da chuva e iluminação inteligente
“Como ficava na
região da Faria Lima, mas não na própria avenida, os clientes queriam um
desenho que fizesse o prédio ser notado visualmente”, diz o arquiteto Takuji
Nakashima, coordenador do projeto na Aflalo&Gasperini, escritório
responsável pela execução da obra. “Além disso, os andares de cima são mais
caros, então eles pediram que fossem maiores que os pisos inferiores, para o
edifício ser mais rentável”.
Dadas as
exigências, a aparência de uma vela inflada se tornou uma solução estética interessante.
Uma vez percebido isso, os responsáveis “embarcaram” na ideia e fizeram o lobby
do térreo todo de madeira, que pode ser lido como um grande casco de barco. E a
área acabou envolta por um enorme espelho d’água.
O Infinity é
pré-certificado na categoria “ouro” do selo ambiental LEED, o que significa que
o prédio cumpre uma série de exigências de sustentabilidade. Entre elas estão a
recuperação de água da chuva, o uso de sistemas inteligentes de iluminação e os
vidros de alto desempenho, que evitam a passagem do calor. “O ar-condicionado
costuma ser o grande vilão no consumo de energia elétrica nesses edifícios”,
diz Nakashima.
- JK
Iguatemi
Divulgação
A segunda torre
fica sobre o Shopping JK Iguatemi, que conta com grifes exclusivas no Brasil e
cinema 4D. Os funcionários do
Santander têm pelo menos dois motivos para se alegrar com o local onde
trabalham. Primeiro, a moderna sede do banco (uma parte do prédio aparece no
canto direito da foto acima), na Av. das Nações Unidas, fica em frente ao
Parque do Povo, uma das mais bem cuidadas áreas verdes da cidade. Além disso, a
segunda torre do condomínio acaba de ser inaugurada – e, abaixo dela,
também abriu as portas o Shopping JK Iguatemi.
O JK é o mais novo
endereço de alto consumo em São Paulo. O local conta com dezenas de grifes de
luxo, algumas exclusivas no Brasil, quase todas com nomes de peso como Daslu,
Prada, Ermenegildo Zegna e Sephora. Além disso, tem de um cinema 4D – que
transmite “sensações”, como tremidas na cadeira e sprays de umidade – e
obras nos corredores de artistas como Jeppe Hein, Marine Hugonnier,
Rirkrit Tiravanija e Marepe.
-
Rochaverá
Volumes irregulares
dos blocos dão uniformidade ao projeto do condomínio, segundo os arquitetos
As primeiras torres
do Rochaverá foram entregues há três anos, mas o projeto completo só ficará
pronto em alguns meses, quando será concluído o quarto bloco. O condomínio, na
Av. Nações Unidas, é um frequentador das listas de IPTUs mais caros da cidade e
chama a atenção pelo desenho irregular dos prédios, mais largos em cima do que
na base.
Vizinho do Parque
da Cidade, o Rochaverá foi um dos pioneiros na ideia de "green
building"
“Quando temos a
oportunidade de fazer um conjunto de prédios, buscamos algo que dê unidade
entre as torres, para as pessoas entenderem que tudo faz parte do mesmo
condomínio”, diz Nakashima, da Aflalo&Gasperini, também responsável por
essa obra. “No caso do Rochaverá, essa unidade foi conseguida principalmente
através do volume dos blocos”.
Além disso, assim
como no caso do Infinity (acima), também pesou o fato de que os andares altos
são os mais caros, ou seja, o projeto tornava o empreendimento mais rentável.
O Rochaverá, cujo projeto inclui duas
praças, foi um dos primeiros condomínios empresariais de alto padrão do Brasil
a apostar na ideia de "green building". Foi pioneiro ao conseguir a
certificação na categoria "ouro" do padrão LEED, também pretendida
pelo futuro vizinho, o Parque da Cidade (no alto), que ficará algumas centenas
de metros à frente na mesma Av. das Nações Unidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário