Anti-Big Bang cria novo tipo de acelerador de
partículas
Redação do Site Inovação Tecnológica -
29/05/2018
Vista esquemática de uma implosão de microbolhas, mostrando a totalidade
dos eventos principais integrados, isto é, a iluminação por laser, a dispersão
de elétrons quentes, a implosão e a emissão de prótons.[Imagem: M.
Murakami]
Acelerador de partículas
Físicos japoneses
descobriram um fenômeno físico de altíssima energia que lança as primeiras
luzes sobre fenômenos espaciais de grandes escalas de tempo e espaço, até agora
inexplicados, e que terá importantes aplicações aqui na Terra, principalmente
na área de saúde e ciência dos materiais.
Masakatsu Murakami
e seus colegas da Universidade de Osaka afirmam que o fenômeno, batizado de
"implosão de microbolhas", se parece com um Big Bang ao contrário e é
essencialmente diferente de qualquer princípio de aceleração de partículas previamente
descoberto ou proposto.
O mecanismo pode explicar a
origem dos até agora inexplicáveis aceleradores
naturais de partículas, detectados em 2009 em escala galáctica.
Compressão a laser
Tudo começa com a tecnologia
de compressão de pulsos de laser, inventada no final da década de 1980, que
consiste em técnicas que liberam o laser em curtos pulsos de alta potência - os
chamados lasers pulsados - aumentando a intensidade do laser em até 10 milhões
de vezes. Esta técnica está sendo usada, por exemplo, em experimentos de fusão nuclear.
Murakami e seus colegas usaram
um laser desse tipo para comprimir a matéria até um nível sem precedentes,
atingindo uma densidade comparável à da matéria do tamanho de um cubo de açúcar
pesando mais de 100 quilogramas.
Quando pressão induzida pelo
laser chegou a esse nível, a equipe detectou a emissão de prótons - íons de
hidrogênio - de alta energia a partir de aglomerados em nanoescala
positivamente carregados, essencialmente um novo mecanismo de aceleração de
partículas nunca antes visto ou teorizado.
Esses íons de hidrogênio de
energia super alta - também conhecidos como prótons relativísticos - são
emitidos no momento em que o laser incide sobre hidretos com bolhas esféricas,
bolhas estas com dimensões na faixa dos micrômetros, fazendo as bolhas
encolherem até dimensões atômicas.
Pelo que se sabia até agora,
seria necessária uma distância de aceleração de dezenas a centenas de metros
para que os aceleradores pudessem gerar uma energia tão grande.
Este é o nanopulsar criado pela equipe - implosões e expansões repetidas
criam um acelerador de partículas inédito. [Imagem: M. Murakami]
Oposto do Big Bang e
nanopulsar
A implosão de uma microbolha
gera um movimento iônico inédito, no qual os íons viajam à metade da velocidade
da luz e convergem para um único ponto no espaço - um fenômeno que se parece
com o oposto do Big Bang, disse Murakami.
Repetindo o processo, ou seja,
emitindo pulsos seguidos de laser sobre o material, a equipe criou o que eles
chamam de um "nanopulsar", um aglomerado de matéria de alta
densidade, só que em nanoescala, emitindo partículas relativísticas de alta
energia - um pulsar é uma estrela de nêutrons giratória que emite pulsos
regulares de radiação em dois feixes simétricos, parecida com um farol.
Aplicações científicas e
tecnológicas
A equipe destaca que este novo
conceito ajudará a esclarecer a física espacial de grandes escalas de tempo e
espaço, como as origens dos prótons de alta energia que se movem nas estrelas e
no espaço, ou mesmo perto de planetas gigantes - recentemente se descobriu um acelerador de partículas natural ao redor de Saturno.
Além disso, compondo uma fonte
compacta de radiação de nêutrons através da fusão nuclear, este conceito será
utilizado em uma variedade de aplicações em tratamentos médicos e na indústria,
como a radioterapia de prótons para tratar o câncer, o desenvolvimento da
geração de energia pela fusão nuclear a laser, o desenvolvimento de novas
substâncias e ferramentas de análise para melhoria das células de combustível.
Bibliografia:
Generation of ultrahigh field by micro-bubble implosion
Masakatsu Murakami, A. Arefiev, M. A. Zosa
Nature Scientific Reports
DOI: 10.1038/s41598-018-25594-3
Generation of ultrahigh field by micro-bubble implosion
Masakatsu Murakami, A. Arefiev, M. A. Zosa
Nature Scientific Reports
DOI: 10.1038/s41598-018-25594-3
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